sábado, 27 de dezembro de 2008

Araçá-morango, delícia da Mata Atlântica















Nos posts dos dias 28/05, 01/06 e 04/06 de 2008, dedicamos este espaço ao araçá-pêra (Psdium acutangulum), notável espécie da Flora Amazônica. Hoje, nos ocuparemos do saboroso araçá-morango (Psidium cattleianum), o mais popular nas regiões Sudeste e Sul.

P. cattleianum foi apresentado à ciência por Sabine em 1821, em homenagem a William Cattley (1788-1835), famoso comerciante de plantas na Inglaterra pré-vitoriana. Aliás, o conhecidíssimo gênero de orquídeas Cattleya faz igualmente reverência ao horticultor bretão.
Porém, muito antes disso, a espécie já havia sido difundida pelos portugueses mundo afora. No século XVI foi levada para a China, e daí para a Europa e restante da Ásia. Foi por esta razão que se chegou a pensar tratar-se de uma planta chinesa. Por apresentar certa resistência a baixas temperaturas, e um sabor sem adstringência, considerado por alguns superior ao da goiaba (Psidium guajava), encontra-se hoje disseminada por todo o mundo tropical e subtropical.

O araçá-morango tem seu habitat natural nas restingas litorâneas e nas vertentes atlânticas da mata pluvial, chegando a algumas serras, onde se torna mais raro. Neste último local, costuma ser substituído por um araçazeiro semelhante, só que de porte muito maior (25-30 m, versus 1-3 m), batizado de Psidium longipetiolatum pelo uruguaio Daniel Legrand.
Nossa eleita para o texto de hoje é uma fruta esférica, de 3-4 cm de diâmetro, de casca fina e coroada por um cálice persistente de forma característica (veja as fotos que ilustram este texto), o que a diferencia imediatamente de outros araçás. Como sugerido pelas duas imagens acima, há uma forma de frutos vermelhos e outra de amarelos. A última é conhecida na botânica como Psidium cattleianum var. lucidum. As duas variedades têm ótimo equilíbrio ácido-doce, sendo que a vermelha apresenta menor número de sementes.
A planta é um arbusto ou arvoreta, de pouco mais de um ou dois metros de altura quando cultivada. Possui folhas grossas, muito lisas e brilhantes na face superior, de ápice pontiagudo. O tronco é liso, marrom-avermelhado e descamante.
Seu cultivo é muito fácil, desde que mantida a pleno sol. Adapta-se a uma grande variedade de solos e climas, e pode ser cultivada com muito sucesso em vasos. Recipiente onde, por sinal, frutificou a variedade vermelha retratada na primeira imagem deste post.
Para saber mais, acesse nosso site:
Forte abraço!

domingo, 7 de dezembro de 2008

Pisando em guaburitis








Este espaço conta novamente com a valorosa colaboração de Antonio Morschbacker, que hoje nos relata seu encontro com os saborosos guaburitis. Para quem ainda não conhece, aqui vai o endereço de sua página sobre frutas nativas:
(http://paginas.terra.com.br/educacao/FrutasNativas/)

Plinia rivularis é uma arvoreta rara, apesar de estar dispersa por boa parte do Brasil. Ela ocorre em estado silvestre desde o Pará, mas é especialmente frequente nos estados da Região Sul, alcançando ainda a Argentina, o Uruguai e o Paraguai.

Os seus frutos, dependendo da região, são chamados de baporeti, guaburiti, guaramirim ou cambucá-peixoto. Esta mirtácea é uma parente próxima do cambucá (Plinia edulis) e das várias espécies de jabuticabas (atualmente incluídas no gênero Myrciaria).

Em 2006 fui informado sobre a existência de uma pequena árvore bastante produtiva ao sul de Porto Alegre. Após algumas visitas pude finalmente encontrá-la em plena frutificação.

Todos já ouviram falar na expressão "pisando em ovos". Foi assim que me senti durante a coleta que fiz do guaburiti.

A arvoreta de tronco múltiplo alcança cerca de seis metros de altura. Ao final do inverno, começa a emitir uma nova brotação de cor avermelhada, típica de algumas mirtáceas. A floração tem início no final de setembro e os seus frutos globosos começam a amadurecer 2 meses depois. Estes não são muito grandes, possuindo em média 2 cm de diâmetro. São ligados aos ramos por um pecíolo ("cabinho") longo de até 1 cm.

Mas em compensação à pequena dimensão dos frutinhos, a arvoreta estava carregadíssima. Estimei que entre os frutos já caídos no chão e aqueles ainda nos ramos, havia cerca de 5 mil unidades. Os imaturos são verde claros e, à medida que amadurecem, vão mudando a sua tonalidade para o amarelo, passando pelo alaranjado, pelo vermelho, pelo vinho, até ficarem quase negros. Este fenômeno proporciona à árvore em frutificação uma nuance de todas essas cores contrastadas com o verde de suas folhas (e no dia da coleta com o belíssimo céu azul!). Com o amadurecimento, o sabor da suculenta polpa dos guaburitis perde a acidez e ganha em doçura.

A quantidade de frutos no chão era tanta que era inevitável pisar em alguns a cada passo, fazendo com que, por mais cuidado que eu tivesse, a sua casca lisa e fina se rompesse e aqueles estourassem. Eu e minha filha nos sentimos como se estivéssemos pisando em plástico bolha. Como cada guaburiti possuía 1 ou 2 sementes, fiquei intrigado porque uma espécie tão bonita, tão produtiva e com frutos tão gostosos, não seria mais difundida.

Para saber mais, acesse:
http://www.e-jardim.com/produto_completo.asp?IDProduto=225